O programa Vida Urgente Espírito Santo, do Departamento Estadual de Trânsito (Detran|ES), recebe na próxima quinta-feira (02), o Prêmio Nacional Volvo de Segurança no Trânsito. Este é um dos mais importantes e conceituados prêmios na área de segurança no trânsito. O prêmio reconhece e premia as melhores práticas e ideias de como tornar o trânsito mais humano.
A 18ª edição do Prêmio Volvo acontece na próxima quinta-feira (02), às 19h30, em Curitiba, Paraná. Durante o evento, seis trabalhos nacionais serão reconhecidos. O programa Vida Urgente ES foi o grande vencedor na categoria "Geral".
De acordo com o diretor geral do Detran, Marcelo Ferraz, a mobilização da sociedade por meio de organizações do terceiro setor foi uma opção ousada e inovadora do Detran|ES para construir uma interação com os jovens. "Um programa com a linguagem adequada, falando de comportamentos hábitos e valores, sem moralismo, mas com conteúdos de educação de trânsito. É ai que a experiência e a seriedade da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga faz toda a diferença", frisou o diretor.
A presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, Diza Gonzaga, em entrevista ao Detran|ES, fez um balanço destes três anos de Vida Urgente ES, e falou um pouco sobre o início da fundação e sua visão sobre o trânsito no Brasil.
Confira e entrevista:
Como nasceu a fundação e o programa Vida Urgente?
Quando criei a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, não sabia bem onde iria chegar; se iria atingir só a minha família, os amigos do meu filho, o meu bairro ou a minha cidade. O que eu tinha certeza é que precisava fazer alguma coisa para que aquele grito não ficasse preso na garganta, que outros pais não passassem pela dor que eu e o Régis (Marido) estávamos passando e que outros jovens, como meu Thiago, não perdessem a vida quando o que mais querem é viver.
A Fundação e o Vida Urgente não nasceram em uma prancheta de marketing ou numa agência de publicidade. Nasceram na madrugada de 20 de maio de 1995, quando recolhi meu filho no asfalto em uma avenida de Porto Alegre.
O nome do programa, Vida Urgente, é também um grito de guerra para os voluntários. Como surgiu este nome?
"Vida Urgente" era o que eu dizia naquela madrugada, eu não me conformava que meu filho, lindo, cheio de vida que eu levei numa festa não tenha voltado para casa.
No Espírito Santo o programa é abraçado inteiramente pelo Estado e tem quase todos os eventos e ações do programa. Como as ações ocorrem nos outros estados em que o programa atua?
Me emociona ver que o trabalho que começou em Porto Alegre (RS), hoje está espalhado pelo país. Atualmente o Vida Urgente tem voluntários nos 27 estados brasileiros, que levam a mensagem de valorização e preservação da Vida, permanentemente. Em muitos estados contamos com o apoio deste voluntariado na realização de ações, que acontecem em datas especiais e mesmo, no dia-a-dia de cada um. Além disso, a equipe da Fundação, constantemente participa de eventos, seminários e congressos pelo país.
Como foi esta experiência de ter uma fundação sem fins lucrativos contratada por um Governo Estadual?
É uma experiência inédita, pois mostra a maturidade de um Governo que buscou na sociedade civil organizada, em uma ONG, a efetiva participação e mobilização da população. Receber o convite do Governo do Estado para a implantação do Programa Vida Urgente ES também é um reconhecimento ao trabalho que estamos desenvolvendo há 14 anos.
Os voluntários do programa no Estado estão sempre dispostos a "salvar vidas", como eles mesmos falam. Existe alguma diferença ou peculiaridade nos voluntários capixabas?
Diferentemente do Rio Grande do Sul, no Espírito Santo a referência não é está centrada na minha pessoa nem no filho Thiago, eles abraçaram a causa por acreditarem que é possível transformar esta realidade. Para falar a verdade, só substituímos os "bah", os "tchê", pelos "ei", "pocar" dos capixabas, o que nos dá a certeza de que a Vida não tem sotaques nem fronteiras.
Em episódios recentes vimos casos famosos na mídia de desrespeito às leis de trânsito e imprudência, como o atropelamento do filho da atriz Cissa Guimarães . Qual a sua opinião sobre estes casos?
Na verdade, o destaque, o que sai na mídia com mais ênfase são os "acidentes" que envolvem pessoas conhecidas, mas na violência do trânsito, o fator imprudência, velocidade, a mistura letal de bebida e direção são os componentes presentes em cerca de 90% dos casos.
Recentemente o Superior Tribunal de Justiça deferiu uma decisão que afetou todo o pais referente à obrigatoriedade do bafômetro para a constatação de crime de trânsito. O Detran do Estado, inclusive, luta para que seja criada a Nova Lei seca e decisões como essa não possam mais ocorrer. Em sua análise a atual Lei Seca gera impunidade no trânsito?
Não, o que gera a impunidade é o "jeitinho brasileiro", afinal tem coisa mais hipócrita do que a frase: ninguém é obrigado a produzir provas contra si? Sugiro inverter o ônus da prova, onde a pessoa realize o teste para provar que não esta dirigindo alcoolizada.
O trânsito no Brasil mata por ano o equivalente a quantidade de passageiros de um Boeing. Mesmo assim o tema não foi sequer considerado durante a campanha dos presidenciáveis. Isso seria um indicio de que a população brasileira e a classe política ainda não acordaram para a gravidade do problema?
Confesso que fiquei decepcionada quando, a convite da Organização Mundial da Saúde, participei da Primeira Conferência Global Ministerial (em Moscou) e o Brasil, que esta entre os cinco países no mundo com maior número de mortes no trânsito, não estava representado.
Nestas eleições, junto com a Frente Parlamentar de Trânsito, que tem como coordenador o Dep. Beto Albuquerque, entregamos a todos os candidatos à presidência um documento pedindo compromisso com a questão do Trânsito.
O que seria preciso para mudar o atual número de acidentes de trânsito no Brasil?
A EDUCAÇÃO é fundamental para reverter a realidade do trânsito brasileiro, pois as pessoas já têm consciência do que é certo e errado no trânsito. O que precisamos é fazer com que elas coloquem em prática essa teoria. Na teoria, todos sabem que o álcool aumenta as chances de envolvimento em acidentes, pois diminui os reflexos e a capacidade de julgamento. Mas na prática, nem sempre as pessoas deixam o carro se vão beber, nem deixam de aceitar uma carona pelo fato do motorista ter bebido, etc.
Da parte dos Governos, a fiscalização é fundamental, pois é preciso que tenhamos os famosos 3 e?s: EDUCAÇÃO, ENGENHARIA e ESFORÇO LEGAL, que é a punição aos infratores e a fiscalização. Felizmente, aqui no Espírito Santo, nós temos bons exemplos de fiscalização como o Madrugada Viva e o Praia viva.
Nas novelas brasileiras, vemos diversos exemplos de comportamentos inaceitáveis no trânsito, como o personagem que fala ao celular enquanto dirige. Além do mau exemplo, não há sequer uma consequência negativa para o personagem que transgride as leis de trânsito. Falta conscientização também no meio artístico, aos roteiristas e diretores de novela?
Infelizmente quando se fala em trânsito, somos "todos" mal educados. Como pedestres, passageiros, ciclistas, skatistas e até mesmo roteiristas e diretores.
Depois de quase três anos no Estado, quais são as perspectivas do Vida Urgente ES para o futuro? Existem novos projetos em andamento?
São as melhores possíveis, pois hoje já conquistamos mais de 4 mil voluntários, estamos presentes em mais de 52 cidades, e estamos em processo de implantação de unidades em municípios importantes como Linhares e Cachoeiro.
A Fundação, o programa Vida Urgente e até mesmo a senhora já ganharam diversos prêmios nacionais e internacionais. O que representa para a senhora ganhar o prêmio da revista Cláudia e agora o prêmio da Volvo?
Considero estes prêmios importantes e um reconhecimento ao nosso trabalho, mas te confesso que os verdadeiros prêmios, os que nos comovem, felizmente recebemos todos os dias nas centenas de e-mails de jovens e pessoas que nos escrevem dizendo que se conscientizaram ao assistir uma palestra, foram abordados em ações, assistiram aos teatros...
Mas este ano o Prêmio Volvo tem um sabor especial, pois é uma forma de retribuirmos a confiança que o Governo do Espírito Santo e a sociedade capixaba depositaram no Programa Vida Urgente.
Qual o balanço que a senhora faz destes mais de quinze anos de Fundação Thiago de Moraes Gonzaga? Faria alguma coisa de diferente do que fez?
É difícil falar de quase 15 anos, mas confesso que o meu sonho é um dia poder fechar as portas da Fundação porque não teremos mais imprudência e crimes de trânsito...
Mas, por enquanto, vamos cada vez mais trabalhar para construir um trânsito mais humano e menos violento em nosso país.
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