Atento ao crescimento de acidentes envolvendo motociclistas, o Governo do Estado do Espírito Santo, por meio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran|ES), encomendou uma pesquisa para conhecer o comportamento destes condutores e elaborar campanhas e abordagens mais próximas da realidade dos motociclistas capixabas.
A partir dos dados da pesquisa o Detran|ES elaborou a campanha "Você pode não ter uma segunda chance", que teve início com a divulgação de um vídeo nas principais TVs do Espírito Santo, e com um apelo emocional busca lembrar aos condutores de motos a fragilidade desse veículo no trânsito.
No comercial veiculado nas TVs, aparece um menino brincando com um jogo, no videogame, que imita um motociclista no trânsito. Ele acaba se acidentando e é preciso começar o jogo novamente. Ao brincar, a criança faz referência ao irmão, que ficou paraplégico após um acidente de trânsito e que, ao contrário do jogo, não pode voltar atrás.
Além das inserções de vídeo nas emissoras de televisão e spots de rádio, serão instalados outdoors, peças adesivadas em ônibus (backbus) e empenas (peças grandes instaladas em laterais de prédios). Também haverá ações com abordagem em pontos estratégicos da Grande Vitória e interior.
Acidentes
Atualmente, cerca de um terço da frota circulante no Espírito Santo é composta por esse tipo de veículo, responsável por quase 40% dos acidentes com vítimas registrados em 2010.
Um das constatações da pesquisa foi a de que os motociclistas consideram natural o fato de se envolverem constantemente em acidentes, sendo considerado como algo que faz parte da vida de quem dirige moto. Os acidentes, comuns nas cidades, fazem lembrar o perigo, mas o dia a dia acaba por dissipar o medo.
Este aspecto deve ser encarado com seriedade, pois de acordo com o próprio anuário estatístico 2010 do Detran|ES, os motociclistas representam a maior parcela das vitimas que apresentam alguma sequela proveniente de acidentes de trânsito.
Das 19.810 vítimas parciais do trânsito, ou seja, daqueles que sofreram algum trauma, mas não vieram a óbito, 7.664 eram motociclistas. Os condutores de moto também são os que mais morrem no trânsito, totalizando 185 vitimas fatais em 2010.
Ações da Campanha
Ao todo, 12 cidades do interior que tem a maior frota de motos do Estado receberão a visita de um caminhão da campanha, dotado de um grande painel digital, que exibirá em locais de grande circulação um filme de 12 minutos voltado para os motociclistas. A escolha das cidades foi feita levando-se em consideração o número da frota de motos e a relação dos acidentes envolvendo o veículo.
O vídeo documentário possui cenas reais de vítimas de acidentes de trânsito que foram flagradas durante o trabalho de socorro das equipes do Samu-192. O filme vai além do resgate das vítimas e mostra o processo de reabilitação dos acidentados, as sequelas e a angústia dos familiares.
Também estão presentes no material depoimentos de motociclistas sobre o comportamento do condutor de moto no trânsito, os riscos da direção e o testemunho de acidentados.
Junto ao caminhão, equipes do Detran|ES, e dois cadeirantes, abordarão as pessoas que passarem pelo local para promover a campanha e conscientizar os condutores de motos.Todas as ações nas cidades do interior serão gravadas e exibidas posteriormente no Youtube. Os vídeos e informações da campanha também serão divulgados nas redes sociais por equipes do Detran|ES.
Já na Grande Vitória, em parceria com o Sindipostos, as equipes do Detran|ES estarão presentes em 15 postos de combustíveis, aplicando jogos de perguntas e respostas com os motociclistas e testando seus conhecimentos de legislação de trânsito específicos para a categoria. Muitos não sabem de informações importantes, como o fato de dirigir com viseira levantada, que é uma infração gravíssima e prevê suspensão direta da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por um mês.
Nas ações dos postos também estarão presentes cadeirantes que se envolveram em acidentes de trânsito, e que prestarão seu testemunho aos jovens motociclistas.
Dados da pesquisa
Conforme os dados levantados na pesquisa, os motociclistas sabem dos perigos representados pela condução da moto, sobretudo quanto ao ponto cego e à dificuldade de ser visualizado pelos outros motoristas. Os dados apontam que 79,9% deles sabem da existência do ponto cego.
De acordo com a pesquisa, em geral os motociclistas conhecem as leis de trânsito, mais reconhecem a irresponsabilidade de muitos companheiros, sobretudo os motoboys. Entre as reclamações se sobressai a queixa de perseguição pelos agentes de trânsito e das constantes fechadas, alvo de 67% das reclamações dos condutores de motos, seguido dos motoristas que não sinalizam as manobras pretendidas, com 42,3%.
As informações coletadas pela pesquisa demonstram ainda que os motociclistas consideram que as leis atuais não refletem os usos e costumes vigentes da categoria, mas têm ciência dos problemas advindos do aumento da frota de motos nas cidades.
Para serem percebidos pelos outros condutores eles utilizam métodos como o uso constante da buzina: 64,8% usam a buzina para serem "vistos" e 35,4% tentam posicionar a moto na direção do retrovisor. Nesta etapa da pesquisa, foi constatado um problema de interpretação por parte dos motoristas. Enquanto os motociclistas tentam ser vistos, e mostrar que estão ali por meio da buzina, os motoristas encaram o sinal sonoro como uma implicância ou arrogância.
Quando perguntados sobre o uso do corredor os motociclistas consideram que tal prática é proibida, porém, pelas características do veículo, tais como agilidade, velocidade e tamanho, o corredor seria um espaço de direito da categoria. Por isso, 51% dos entrevistados disseram que o corredor deveria ser regulamentado por lei.
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